sexta-feira, 10 de junho de 2016

Caminhões adulterados poluem cinco vezes mais


Em vez de acompanhar o desenvolvimento das tecnologias em prol da redução das emissões de gases poluentes, alguns caminhoneiros vão em contra-mão a essa ideia. Em vez de utilizar o Arla 32, agente líquido redutor de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), para não poluir, alguns caminhões são alterados para burlar o seu uso e acabam lançando cinco vezes gases do que deveria.

Ou seja, um caminhão adulterado para não usar Arla 32 lança ao ecossistema, aproximadamente, o que cinco caminhões não adulterados fariam juntos. O uso correto do aditivo, por sua vez, reduz essas emissões em até 98%.

Na última semana, o desenvolvimento do mercado do Arla 32 foi tema de workshop que reuniu executivos do setor, além de técnicos, pesquisadores, advogados e representantes de entidades de classe no Rio. Em comum, os participantes do evento têm o propósito de consolidar, no mercado nacional, o uso do produto que é obrigatório para veículos movidos a óleo diesel produzidos com a tecnologia do Sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR).


O Arla 32 atua nos catalisadores do sistema de escapamento dos motores, permitindo a redução da emissão de óxidos de nitrogênio . Em reação com os gases de escape dos veículos, o Arla 32 transforma NOx em vapor d’água e nitrogênio, gases inofensivos para a saúde humana. Seu uso é regulamentado pela Resolução 214, emitida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em 28/09/2009.

O engenheiro Tadeu Cordeiro, do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), confirma que os testes realizados comprovam o aumento das emissões em quase cinco vezes com o uso de emuladores, conhecidos como “chips”, que permitem burlar o uso do Arla 32. Representantes do Departamento Jurídico da Petrobras pontuam que a adulteração do Arla 32 pode gerar advertência e multa para usuários e suspensão das atividades para quem comercializa o produto.


Para o gerente executivo de Gás Química da Área de Gás e Energia da Petrobras, Marcelo Murta, é importante dar visibilidade à questão de modo a conscientizar a sociedade, fortalecer a fiscalização e eliminar a prática lesiva, assegurando o cumprimento da resolução do Conama.

O diretor da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América Latina (Affevas), Elcio Luiz Farah, manifesta preocupação com o avanço dos casos de adulteração de veículos para burlar o uso do produto. 

Segundo ele, estudo da entidade mostra que, a partir de abril de 2013, houve um claro descolamento entre as vendas do Arla 32 e do óleo diesel. O Arla 32 destina-se à frota de veículos fabricados a partir de 2012 para atender a norma ambiental Euro V, criada na União Europeia para limitar a quantidade de emissões veiculares.


Farah afirmou que o uso de chips que permitem burlar o uso do Arla 32 equivale a uma regressão de 20 anos em termos de atraso ambiental. Segundo ele, as emissões de NOx de um caminhão Euro V adulterado para não usar o Arla 32 equivalem às emissões de 4,5 caminhões não adulterados.

A visibilidade da poluição atmosférica foi destacada, durante o evento, pelo professor do Departamento da PUC-Rio, José Marcus Godoy, que apresentou fotografias de grandes centros urbanos em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro encobertos por nevoeiros contaminados por fumaça (smog).

Com seu uso correto, o Arla 32 reduz as emissões de óxidos de nitrogênio do veículo em até 98%, contribuindo de forma decisiva para preservar o meio ambiente, reduzindo significativamente os riscos para a saúde da população, hoje exposta a um grau elevado de poluição atmosférica.


Fonte: Diário do Nordeste

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