Celulares, laptops, comunicação por satélite, rastreadores, tudo isto está presente nas boleias pelo Brasil afora. Porém, uma tecnologia bem mais simples ainda é a preferida dos motoristas: o rádio PX. Em plena era dos computadores, este serviço de comunicação ainda é o mais prático, barato e útil nas estradas.
O rádio PX é um serviço de radiocomunicação que permite a conversa entre pessoas que utilizam transreceptores na faixa de radiofrequência em torno dos 27 MHz. A grande vantagem é o custo zero – o investimento é restrito ao aparelho e à instalação – para comunicar-se com os amigos e outros colegas da estrada. Assim, torna-se praticamente uma rede social dos caminhoneiros.
As faixas abertas, com a qual qualquer um que possua um aparelho pode se comunicar, servem para avisar sobre problemas na estrada, acidentes, pedir ajuda em caso de quebras mecânicas, entre outras coisas. Para o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), Claudinei Pelegrini, infelizmente a cordialidade nas estradas está caindo. “Antigamente não era preciso pedir ajuda, outro caminhoneiro parava para ajudar naturalmente. Hoje, a coisa está mais dispersa e o rádio PX é uma maneira de eles se relacionarem”, diz.
Assim como o uso responsável do rádio é exaltado por motoristas, para ajudar uns aos outros, outros lamentam a quantidade de futilidade e obscenidades repassada nas ondas livres do PX. É o caso de Célio Drapezzinski, 59 anos e há 30 na estrada.
“Eu uso muito canal aberto, me informo se tem alguma coisa na estrada pela frente se está parado, sem previsão para liberar, eu já encosto num posto. Não vou ficar no meio da estrada sem necessidade. É muito bom, hoje não viajo sem o rádio, mas é uma pena que muitos motoristas usam isso para falar palavrões ou mal uns dos outros”, conta.
“Eu uso muito canal aberto, me informo se tem alguma coisa na estrada pela frente se está parado, sem previsão para liberar, eu já encosto num posto. Não vou ficar no meio da estrada sem necessidade. É muito bom, hoje não viajo sem o rádio, mas é uma pena que muitos motoristas usam isso para falar palavrões ou mal uns dos outros”, conta.
Há os que defendam a liberdade do rádio, onde cada um fala o que bem entende. Emilio Dalçoquio, motorista orgulhoso, nascido no dia do caminhoneiro (30 de junho) e criador do site Cowboys do Asfalto, é um deles. “Na realidade, 90% do que se fala é bobagem, mas é um direito que eles têm, de falar besteira ou utilidades. Mas o que mantém o dia a dia no rádio é conversa de boteco, que alegra e ajuda a passar o tempo”, lembra.
Papo de rádio
A linguagem do rádio PX é um assunto à parte. Misturando o código “Q” internacional, usado para qualquer tipo de rádio, com gírias criadas pelos próprios motoristas, surgiram termos como barracão de zinco (caminhão baú), botina preta (policial rodoviário), botina branca (médico), cristal (esposa), dois metros horizontais (dormir), para-raios (sogra), entre tantos outros.
O hábito de ficar “birocando na caixinha preta”, isto é, falando no rádio, é comum à maioria dos caminhoneiros. Com um investimento baixo, em torno de R$ 200, os profissionais do “tapete preto” (estrada) o consideram essencial, mas poucos se legalizam junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mantendo o aparelho de maneira ilegal. O serviço de rádio cidadão, conhecido como PX, é taxado para cada estação móvel, pelo direito de execução do serviço e pelo direito do uso das radiofrequências.
Fonte: Transporte & Logística
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