José Justino Bolonha, 56, é dono de uma empresa de transporte e turismo de Pedregulho há duas décadas. Ele é pai de três filhas. A mais velha, Luciene Tomaz Bolonha Luca, 33, seguiu os passos do pai. Aos 12 anos ajudava a limpar os corredores e poltronas dos ônibus. Aos 21, assumiu o volante do veículo. Contratada pela Prefeitura, diariamente, ela transporta 50 estudantes pedregulhenses para escolas de Franca.
Na família, Luciene é a única das três filhas que decidiu ser motorista. O incentivo do tio Nenê Bolonha, já falecido, foi decisivo para ela seguir essa profissão. Ele transportava estudantes de Pedregulho para Ituverava e Franca e costumava convidar Luciene para acompanhá-lo. Numa delas, se ofereceu para ensiná la a guiar o ônibus. “Nem queria aprender no começo, mas fui pegando gosto e acabou dando certo. Ele me levava para treinar em estradas isoladas”, relembra.
Luciene tirou a CNH profissional e durante alguns anos dirigiu caminhões carregados de leite até Uberaba (MG) e ônibus com passageiros para para Santos, Termas dos Laranjais e Aparecida do Norte. Depois que se casou e se tornou mãe, abandonou a boleia do caminhão e viagens tão longas para ficar mais perto do marido e das três filhas: Beatriz, 16, Bárbara, 4, e Betânia, 2.
Toda noite, Luciene faz a viagem Pedregulho Franca com o ônibus lotado. Deixa os alunos na Unesp, Senai, Senac, Pestalozzi e Centro. Enquanto espera o fim das aulas, às 22 horas, estaciona o ônibus na Rua Padre Anchieta e busca uma atividade para “passar” o tempo. “Tem dia que limpo o ônibus, às quartas feiras vou à missa na Catedral e tem vezes que pelo um ônibus e vou passear no shopping”, disse ela, que não anda sem os brincos, esmaltes escuros e salto alto. “Sou motorista de ônibus, mas sou feminina. Não vou usar botina.”
Luciene recebe R$ 900 por mês como motorista da Prefeitura. O marido é representante comercial e sustenta a família. O salário dela é para compras pessoais e para as filhas.
“Hoje sou registrada, tudo certinho, mas durante anos fiz tudo por puro prazer.” Luciene disse que não teve dificuldade para aprender a dirigir carretas e ônibus. Mais difícil foi vencer o preconceito por ser mulher. Ela diz que, quando foi contratada pela Prefeitura de Pedregulho como motorista, os pais dos alunos chegaram a procurar o prefeito e pedir para tirá la do cargo porque era mulher e inexperiente. “Parece que aquilo me motivou ainda mais a conquistar meu espaço.”
Apoiada pelo marido, ela ouve piadinhas até hoje, mas diz que já se acostumou. “Tem muita gente que fala que não vai viajar se for com uma mulher. O preconceito é muito forte. Hoje lido melhor com isso, mas, se fosse para enfrentar tudo de novo, não teria a mesma força, desistiria.”
APURO
Luciene já passou apuros na direção. Um deles, em fevereiro deste ano, quando viajava para Franca com o ônibus lotado. Chovia muito e o veículo aquaplanou na rodovia, próximo a Jeriquara. Ela pisou no breque, mas pouco adiantou. “O ônibus, desse tamanho que é, fazia ziguezague na pista, virou uma pipa. Passei um aperto muito grande. Na hora pedi a Deus para me proteger porque a tragédia seria enorme.”
Depois do sufoco, ela estacionou e os passageiros a chamaram até o corredor do ônibus e bateram palmas. “Eles disseram que eu tinha salvado todo mundo. Fiquei muito emocionada. Foi muito sério e pensei até em parar de dirigir, mas meus pais e meu marido me incentivaram a continuar.”
Fonte: Portal GCN
Minha amiga é uma excelente motorista,viajei com ela para Ituverava quando levava alunos para a Fafran e FEI.
ResponderExcluirDirige muito bem e transporta a carga mais valiosa que pode existir, ou seja, vidas humanas. Ela é a RAINHA DA ESTRADA>
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