domingo, 24 de abril de 2016

Os prejuízos do motorista com o frete defasado


A cada pesquisa sobre o valor do frete no Brasil, a NTC&Logística constata uma enorme defasagem praticada no preço médio, prejudicando a rentabilidade operacional das transportadoras e, especialmente, dos caminhoneiros autônomos e micro empresas do setor.

Mesmo que não fechem o mês no vermelho, os profissionais do setor observam a margem de lucro suprimida e a capacidade de investimento na manutenção e modernização da frota circulante é praticamente anulada.

Para José Augusto Dantas, diretor da empresa Lucrei no Frete e especialista em transportes, para que a atividade seja saudável, o faturamento precisa cobrir todos os custos, gerar lucro e capacidade de investimento para o futuro. “Isso é básico da economia. O lucro é o objetivo de qualquer empresa”, diz.


Dessa vez, a pesquisa, que contemplou mais de 300 empresas do setor de transporte rodoviário de cargas em todo o Brasil, constatou uma diferença de 12,9% entre os fretes praticados no mercado e os custos efetivos da atividade. Embora o número seja menor do que o mesmo período de 2014, quando acumulou 14,11% de defasagem, ainda representa um aumento com relação à última pesquisa realizada em agosto de 2015, quando registrou um déficit de 10,14%.

“Trabalhar com frete que não permita cobrir os custos implica no fechamento de empresas, seja por falência ou desistência; no sucateamento da frota, já que as empresas não têm dinheiro para renovar a frota; falta de interesse de investidores; queda nos benefícios pagos aos empregados do setor; e queda nos investimentos que o setor necessita”, alerta Dantas.


O levantamento foi realizado pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (DECOPE) também constatou que 75,8% dos transportadores apresentaram queda no desempenho financeiro de 0,1% a 10% durante o ano de 2015. A pesquisa ainda aponta que 83,6% dos empresários não recebem fretes em dia e 78% dos entrevistados estão pessimistas com o ano de 2016, não esperando nenhum crescimento e até diminuição de mercado.


Para Dantas, essa situação pode virar uma bola de neve e repercutir em outros problemas. “É péssimo, já que esta prática quebra o fluxo de caixa das empresas, e em muitas vezes, acaba em ‘efeito dominó’, atingindo os empregados com atrasos nos salários e fornecedores, que também acabam não recebendo em dia. Muitas empresas são forçadas a buscar um apoio financeiro nos bancos, sendo penalizadas com os juros e encargos abusivos praticados no Brasil”, analisa.

Segundo a NTC, a defasagem no frete tem sua origem tanto no acúmulo das defasagens ao longo dos anos quanto na inflação dos insumos que compõem os custos, com o combustível e a mão de obra liderando o ranking. Fora isso, o desconhecimento de todos os custos que devem ser considerados no cálculo também pesa na conta, de acordo com a pesquisa. Por exemplo, 68,4% dos transportadores de carga fracionada desconhecem ou não cobram a TRT, Taxa de Restrição de Trânsito.


A NTC também apresentou o estudo realizado pelo DECOPE sobre a variação média do INCT-F (Índice Nacional do Custo do Transporte de Carga – Fracionada e Lotação) e INCT-L (Índice Nacional do Custo do Transporte de Carga – Fracionada e Lotação), que apresentaram reajustes 9,46% e 9,01% em 2015, respectivamente. Entre os principais insumos, o óleo diesel teve aumento de 13,49% nos últimos 12 meses, e o salário de motoristas contabilizou 9% de aumento.

Atualmente, o mercado já conta com ferramentas para orientar especialmente os autônomos e os pequenos frotistas em como cobrar um frete justo, considerando custos fixos e variáveis que devem ser apontados no momento de calcular um determinado frete. O site Lucrei no Frete, por exemplo, faz essa indicação com precisão, pois contempla em sua matriz de cálculos os gastos de pneus, combustível, pedágio, entre outros itens fundamentais para que a atividade de transporte seja um empreendimento financeiramente saudável ao proprietário do caminhão.


Fonte:  Transpo Online

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